sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Djunta mo" na Rua B

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“Djunta mo” é uma expressão crioula que significa “juntar das mãos”.

Foi isso que fizeram os habitantes do Bairro do Alto da Cova da Moura, há cerca de um mês, no fim-de-semana de 4 e 5 de Outubro.

A rua B, íngreme e por asfaltar, tinha-se revelado um obstáculo por vezes intransponível e sempre perigoso para todos – dos mais jovens aos mais idosos. Com a chuva, o caminho tornava-se escorregadio, e não era raro que os habitantes do bairro tivessem que procurar caminhos alternativos, ou então arriscar-se a perder o equilíbrio rua abaixo ou rua acima.

Por vezes, a aventura acabava em quedas e acidentes. Como o caso da Dona Fernanda, que assistiu ao esforço comunitário desse fim-de-semana ainda com o pé em gesso por causa de uma caída naquele mesmo lugar, um mês antes.

Num reviver do espírito comunitário da construção das primeiras casas na Cova da Moura decorrida há décadas atrás, mais de 30 habitantes – moradores não só da Rua B e seus arredores, como dos quatro cantos do bairro – juntaram-se no sábado e, voluntariamente, puseram “mãos à obra”, edificando umas escadinhas novas que fazem agora o caminho por aquela rua bem mais cómodo e seguro.

O primeiro material (areia, brita, cimento e madeiras), oferecido pela Junta de Freguesia, foi escasso. Mas a capacidade de trabalho e voluntarismo dos moradores da Cova da Moura moveu montanhas, fez telefonemas e obteve respostas positivas, assegurando-se o restante material necessário para concluir a obra. Não antes que se perdesse uma hora de trabalho, à espera. Com 30 pessoas, isso são 30 horas – o que não poderia ter sido feito nesse tempo, com tamanha energia e dedicação disponível?

No manhã do dia seguinte, os vizinhos juntaram-se outra vez para retirar as madeiras das novas escadinhas da Rua B. A construção está agora disponível para a comunidade, e em vias de ser decorada por um artista de graffiti do bairro, celebrando o esforço comunitário com o nome de todos os participantes. O que será noticia brevemente neste espaço!

Ninguém deu ordens a estes habitantes voluntários, nem foram recrutados para uma campanha eleitoral. Assumiram a responsabilidade, cuidaram do material, aplicaram a sua capacidade de trabalho e as suas competências, enchendo o bairro de orgulho!

A íngreme Rua B, pouco depois do começo dos trabalhos

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